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Pérsola. O início de tudo

Hoje vou falar-vos da Pérsola. Para quem lê o meu blog-baú de poemas e crónicas, sabe que o amor ( e o seu reverso), são temas recorrentes. Afinal, não é este uma força, que nos motiva/desmotiva, quanto mais não seja o amor próprio?  Bem, na verdade este é um texto em que o desamor gerou amor e está personificado numa bela mulher chamada Pérsola. Vamos, tenho agora que dar um pormenor interessante, para que o leitor de olho digital de preguicite aguda, não desista de ler, habituado como está às curtas e empoadas frases das redes sociais. Aqui vai esse detalhe importante, que revela toda a essência do desamor: a Pérsola tinha como apelido “ Exposta”, como aliás, muitas outras crianças que nasceram naquela altura, na Roda dos Expostos. “Exposta” ou “exposto” era o nome que se dava às crianças fruto de relações “proibidas”- ou que a sociedade não aprovava, por exemplo, entre um criado e uma menina burguesa de um colégio de freiras. Porquê? Aqui chega aquele momento em que o narrador pr
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AmnésiAmor

Poder reescrever-me. Mergulhar n´AmnésiAmor. Deixar lá o colar de pérolas: F-A-L-S-A-S Todas aquelas que colecionei E esquecê-las lá, Para sempre. * Para regressar, Sem medo, I-N-T-E-I-R-A Segura, de que sou a M-U-L-H-E-R  D-A  M-I-N-H-A  V-I-D-A. E não vou aceitar que ninguém me ponha E-T-I-Q-U-E-T-A-S ou me C-A-L-E-O-C-O-R-A-Ç-Ã-O * E quero voltar a amar Escrever num quadro limpo, Com um giz candidamente branco A palavra A-M-O-R Em letras gigantes e R-U-I-D-O-S-O. * Ver tudo, Pela primeira vez, Com os olhos de uma criança Que pinta o amor em cores primárias:  A-Z-U-L, V-E-R-M-E-L-H-O-e-A-M-A-R-E-LO SOMENTE. * Por mim Por ti, Por nós: Pelo A-M-O-R  PU-R-O R-E-I-N-V-E-N-T-O-M-E.

Quando te conheci

Ilustração: Celeste Ciafarone ( Direitos Reservados) Quanto te conheci, Quis despir-te: entrar no teu olhar, na tua roupa, nas tuas mãos, Que tocavam uma guitarra. Falar nas entrelinhas das músicas, Nos segundos de embaraço entre as palavras. Fechar o espaço entre o teu rosto e o meu Explicar-te o que era inexplicável: Que sentia que já te conhecia, De um tempo sem tempo. E que cá dentro fazias-me sentir, Estranhos adejares de borboleta, Que me faziam ter medo de cair E tropeçar de novo na Primavera.               Porto, Fevereiro de 2019

Oia

Havia uma porta E dentro dessa porta havia um terraço, Mais à frente, um casario branco, a recortar o azul do mar. E na janela, um gato gordo e amarelo, A desafiar todas as leis da física, No alto da sua imoral indiferença. Mulheres e homens competem em sensualidade E óleo de coco na praia. E o aroma quente, de rosmaninho e oliveiras entra-nos pelo corpo dentro e pede-nos para fazer parte deste quadro de verão azul. * É absurdo ser-se triste aqui. É contra-natura, uns diriam. Quase tão absurdo como um gato de óculos de sol a ler Camus na praia Deitado numa espreguiçadeira de riscas azuis ( Obviamente, em vez de estar no mar a deliciar-se em belos mergulhos mediterrânicos). No entanto, é tão possível como aquela mulher de negro A chorar lágrimas sobre a cal tão absurdamente branca da sua casa. * Com cuidado, fecha-se a porta azul. Apaga-se a lu
Amor Casio. O relógio marca as 21:29. Dispara o seu fluxo amarelo, no fundo cinzento do teu CASIO azul.  Depois de um jantar de semana, em que se falaram dos problemas banais com o chefe ainda mais banal, da falta de sensibilidade das pessoas no trânsito, da falta de dinheiro, de X que se casou com Y, e da Z que que deixou  W, chegamos aquele ponto de vazio, entre o pedir a conta e um bocejo. O nosso subamor é exatamente como um relógio casio, azul e letras amarelas: só funciona se houver jantares, pessoas à nossa volta de quem falar e maldizer, se houver um trabalho, ou aborrecido ou super excitante.  Não importa. Desde que dê para preencher os espaços vazios em que seria suposto haver silêncios e olhares de cumplicidade e não perguntas que parecem cimento atirado à parede. Depois desse jantar desenxabido com uma pessoa que não tenho muito bem a certeza se sabe que faço anos amanhã, ponho-me a pensar no relógio de corda do meu avô. Recupero da memória o relógio acobreado,

E se tu estivesses aqui.

Se tu estivesses aqui... A rua que é Torta seria muito mais alegre. Continuarias a dar boleia à senhora louca. Os nossos jardins seriam  lugares cheios de conversa, chá, Porto, café e risos. Risos vivos e jovens, como flores abertas. Se tu estivesses aqui. O Natal voltaria a ser Natal em tua casa. Aquela tristeza de Dezembro que vem sem aviso, daqueles que vão embora sem aviso, demasiado cedo, ...Não chegaria. Se tu estivesses ainda aqui. Ia-te dar razão quanto a Pearl Harbour e outras tantas discussões. Aceitaria o teu abraço no táxi. Se tu estivesses aqui.

Por todo o lado

Foto: FC Por todo o lado, A Luz do teu corpo, Quando percorro As ruas estreitas do Porto. Por todo o lado, Pequeno Rabelo enamorado Nome de grego fugidio, Suspiro transformado em riso. Por todo o lado, A tua boca em chama sobre a Sé, Ferida ao entardecer Lábios de flor a morrer Por todo o lado, Do Alfa , Amor, Ao Ómega, dor, O teu nome. Por todo o lado.